Wagner e a sucessão

05/03/2009 19:02

Janio Lopo

05/03/2009 | Atualizada: 04/03/2009

Há uma expectativa – não poderia ser diferente – sobre o anúncio da reforma administrativa do governador Jaques Wagner a princípio marcada para o próximo dia 20. Tivemos, aqui na Tribuna da Bahia e no site janiolopo.com a oportunidade de divulgá-la em primeira mão. Hoje o tema já é do conhecimento público, embora o Palácio de Ondina prefira manter reservas. Wagner vem se debruçando sobre o assunto e mais do que natural que o faça com a máxima cautela. 

O nó do problema reside num fato concreto: afinal, a reforma vai incluir a substituição dos secretários peemedebistas Batista Neves (Infraestrutura) e Rafael Amoedo (Indústria, Comércio e Mineração?).Tudo indica que sim. A saída de ambos da equipe de governo seria, na prática, o rompimento do PT com o PMDB estadual. 

Os petistas teriam, enfim, um álibi para mandar descansar os aliados indesejáveis desde o momento em que o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) anunciou a sua disposição de disputar o Palácio de Ondina. Na verdade, Geddel há mais de um ano tem dito e escrito que não é candidato à reeleição.Não quer mais saber, por enquanto, de uma cadeira à Câmara dos Deputados. 

Quer meter as caras em direção a um cargo majoritário. E o mais viável é o governo baiano. Aventurar o Senado – o nome já diz – seria uma aventura. Há pelo menos, só na chamada base política de Wagner, sete a oito candidatos. Lógico que a tendência é a disputa se afunilar. 

Mas, aqui para nós, não há cabimento uma só base política ter quase dez nomes interessados à senatória. Geddel não vai se bater em casa de marimbondo. 

No fundo sabe que é uma loucura um mesmo grupo ter tantos postulantes a apenas duas vagas. Isso chama-se suicídio político. Como o pessoal não está nem aí nem está chegando é bem possível que tenhamos mais chefes do que índios na tentativa de escolher um cacique para a tribo. 

Wagner, entretanto, fará a reforma administrativa não propriamente para se livrar do PMDB – talvez nem venha a mexer com o partido de Geddel, com quem ainda pretende chegar a um entendimento político – mas para apimentar a máquina estadual que anda emperrada em algumas direções. No próximo ano Wagner se lançará à reeleição e, obrigatoriamente, terá de mostrar serviços.

Não vai chegar de mãos abanando junto ao eleitorado. Aliás, ele mesmo elegeu 2009 o ano do trabalho, deixando as querelas políticas para 2010. Uma reforma agora torna-se indispensável para engrenar o governo e dar a partida na implementação de projetos que contemplem todo o Estado.

 É esse passaporte que o governador espera ter em mãos para assegurar uma viagem sem maiores perturbações rumo à permanência no cargo. Óbvio que Geddel tende a ser uma tremenda pedra no caminho da reeleição de Wagner,mas 2010 ainda está pouco distante e tudo ou nada pode acontecer até lá. O ministro tem dito que está aberto ao diálogo, à discussão,sem frescuras e sem subterfúgios.

Também, se for o caso, está bem física e psicologicamente para partir para a briga. Enfim, essa é uma novela (emocionante, diga-se) onde você, eleitor, por ora, não tem como ditar o final. Esperemos,pois, os acontecimentos.

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