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                A irresponsabilidade de muitos

 

Da metade da década de 50 até meados dos anos 60 minha vida e dos garotos com que passei a infancia e parte da adolescencia resumia-se a tres pontos principais: caçar rolinha de "badogue"; tomar banho Itapicuru (na época despoluído) no poço do "Bevé" e no "Chalé" e esperar o "Rápido" as quartas e sextas-feiras na Estação.
Tinha, é claro, outros afazeres e jogos como ir à escola, empinar "raia", jogar "Veneno" com bolinhas de gude em tres buracos alinhados; brincar de "pião" e de "infieira" e, entre às 19 e 22 horas, de "cabana" , além de jogar bola no "campinho, à época entre o Quartel e a Chacrinha.
Era fantástica a chegada da "Maria Fumaça 303" sob o comando do mais popular dos maquinistas do trecho Bahia-Juazeiro "Zé Penteado". O seu apito quando chegava à Pedra Preta (nas proximidades do Aviário) era como uma prece ao amor, um chamamento às suas amadas. Quem tem a memória melhor do que a minha para lembrar como era?


 
Como ficou a velha Estação da Leste construída no sec. XIX
 

 
            Dela (Maria Fumaça) desembarcavam os "viajantes" paqueradores e as mercadorias, alem de jornais (A Tarde, revendida por meu avô) e as revistas como o Cruzeiro. Moças e rapazes (não tanto como nas décadas de 40 e 50) vestiam-se com esmero para esperar o "trem".
            A Estação era o parque de diversão da juventude de Queimadas com barracas com todo o tipo de comida, desde sanduíche de bife, mingau de milho e tapioca e café com pão. Era, na verdade, o único meio de transporte para a Bahia (Salvador) e para Juazeiro e Pernambuco. E as caras novas deslizavam pela rampa da Estação enquanto a mercadoria era descarregada e a Maria Fumaça recebia água para sua caldeira e lenha de "Canela de Véio", "Angico" e outras madeiras nobres do sertão (centenas de metros empilhadas ao lado do trem).
            Havia ainda, claro, o "Noturno (nas noites de terça quinta-feiras). Mas só os que iam viajar ou tinham algum tipo de interesse frequentavam a Estação. Sem esquecer, também, do trem de sexta-feira vindo de Juazeiro e que descarregava (para a feira no sábado) as frutas e verduras (produzidas em Senhor do Bonfim) e o gelo em barra (uma novidade) coberto de pó de serra para conservar por mais tempo (uma festa para a criançada).
            Essas lembranças deságuam em minha mente ao contemplar as ruínas da antiga Estação da Leste já há muitos anos sem o seu sino a lembrar aos queimadenses as horas (como a sinerene do cinema de Benício) e a chegada e partida dos trens. A incúria, a irresponsabilidade e o desprezo para com o patrimonio de nossa terra foram os responsáveis pelo seu desabamento ocorrido na semana passada.
 
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